sábado, outubro 07, 2006

O cimério e uma amostra de sua "quentura"!

Este é um dos textos originais de Robert Howard.
A magia e as descrições deles eram incomparáveis, assim como a sensualidade latente que ele conseguia transmitir. E olha que os textos foram escritos nas décadas de 20 e 30!

O trecho abaixo faz parte da história "A Filha do Gigante do Gelo". A mulher em questão é um tipo de fada da neve que atrai os homens perdidos para serem mortos por seus irmão. Só qiue, dessa vez, ela se meteu com o cara errado!

Depois de se livrar dos irmãos da moça, o cimério resolveu que deveria receber seu prêmio...

"Conan virou-se para ver a garota parada a uma certa distância, os olhos arrega­lados de horror. A expressão de zombaria desaparecera do rosto dela. Ele gritou e sua espada derramou sangue; suas mãos tremiam de paixão.
— Pode chamar todos os seus outros irmãos! — ele gritou. — Darei o coração deles aos lobos! Você não vai escapar...
Com um grito de guerra, ele disparou na direção da mulher. Ela já não ria, nem lançava olhares de desafio por sobre os ombros brancos. Corria como quem teme pela vida. Embora ele juntasse toda a força e a energia de seus músculos, até que suas têmporas estivessem a ponto de explodir e seus olhos vissem a vermelhidão à frente, ela conseguiu se afastar, desaparecendo vagarosamente no fogo misterioso do céu, até sua figura ficar menor do que a imagem de uma criança, dançando sobre a brancura do gelo, um mero ponto na distância. Conan buscou todas as suas reservas de energia, rangeu os dentes e correu mais. Logo, ela ficou apenas uns cem passos à frente. Lentamente, metro a metro, sua vantagem diminuía.
Ela parecia não ter mais forças para correr, seus cabelos dourados esvoaçavam. Conan ouviu sua respiração cansada e viu o brilho de medo em seus olhos quando a cabeça delicada se voltou novamente por sobre os ombros brancos. A resistência selva­gem daquele bárbaro mostrava-se útil. A velocidade desaparecia das pernas da mulher. Seus passos já não eram tão seguros. Na alma descontrolada de Conan, brilhavam as chamas do inferno que ela acabara de alimentar. Com um grito inumano, ele se aproximou. A mulher tropeçou, deu um grito e ergueu os braços para se defender.
Ele a abraçou de um jeito selvagem, e a espada caiu por terra. O corpo delicado dobrou para trás; ela lutou desesperadamente, tentando libertar-se dos braços fortes. Os cabelos dourados esvoaçavam pelo rosto de Conan, cegando-lhe o olhar, tamanho o brilho. O contato com aquele corpo fino, que se revolvia tentando escapar de seus braços, provocou-lhe um fundo desatino. Os dedos fortes mergulharam na pele macia, fresca como a neve. Era como se ele abraçasse não uma mulher de carne e osso, mas um corpo esculpido em gelo que queimava de tão frio. Ela lançou a cabeça para um lado, lutando para evitar os beijos quentes de paixão do bárbaro, que machucavam seus lábios encarnados.
— Você é tão fria como as neves — murmurou ele, intrigado. — Mas vou aque­cê-la com o calor do meu próprio sangue...
Com um grito agudo e um esforço desesperado, a mulher escorregou dos braços de Conan, e deixou em seu lugar a roupa fina e transparente. Saltou para trás e ficou de frente para ele, os cabelos louros desarrumados sobre o rosto, os seios brancos tremendo, os lindos olhos irradiando um brilho de pavor. Durante uma fração de segundo ele permaneceu parado, estupefato diante da inacreditável beleza nua que se erguia diante dele nas neves.
Naquele instante, ela levantou os braços na direção das luzes coloridas que ilu­minavam o céu e gritou, com a voz que ecoaria para sempre nos ouvidos dele:
— Ymir! O meu pai, salve-me!"

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com você scarlett.
Existe um enorme preconceito com relação aos livros de romances de banca.

Livros com pouca categoria e muita pornagrafia, mas de autores conhecidos são valorizados!

O preconceito humano não consegue se conter nem assim!!

Neeser disse...

Olá, Drica! Tudo bem?

Fui eu quem postei este conto de Robert E. Howard - traduzido pelo também conanmaníaco Hugo Canuto - no site Crônicas da Ciméria, e (felizmente ou infelizmente) gostaria de informar que cometi um erro ao revisar este conto. Eu havia me baseado na tradução posterior, feita pela Ed. Conrad, na qual estava escrito "os seios brancos tremendo". Só que, no conto original em Inglês - disponível em http://www.vb-tech.co.za/ebooks/Howard%20Robert%20E%20-%20Conan%2000%20-%20The%20Coming%20of%20Conan%20The%20Cimmerian%20-%20FF.txt -, consta a expressão "her white bosom heaving", que significa "o peito branco arfando". Eu mesmo já retifiquei isto no site Crônicas e lamento que a expressão original seja menos excitante que sua tradução nos livros. De qualquer modo, obrigado por postar, em seu site, trechos de um dos magníficos contos daquele gênio da literatura chamado Robert E. Howard!

Atenciosamente:

Fernando Neeser de Aragão.