terça-feira, maio 02, 2006

Contos de fadas em pauta nas mesas de bar


Rita Capell – JB Barra 01/05/2006

“Procurava um marido e en­contrei um cachorro.”
O título literário da autora Karen Templeton pode parecer es­tranho, mas é um dos preferidos da publicitária Luciana Gondim, de 25 anos. Fã ab­soluta das séries de livros de bolso que chegaram ao Brasil na década de 70, como Jessica, Desejo, Paixão e Destinos, Luciana faz parte de um grupo de mulheres que se reúne em bares e livrarias da Barra para discutir sobre os romances.
- Comecei a ler estes livros com 13 anos. Eles tinham um clima proibido, com palavras pi­cantes e descrição de erotismo, mas ao mesmo tempo podiam ser lidos em ônibus e em outros lugares públicos. Quando estava na faculdade me voltei mais para os livros técnicos e esqueci um pouco dos livrinhos. Depois que me formei voltei aos romances para relaxar. É mais uma válvula de escape para esquecer das noticias ruins com que somos bombardeados todos os dias - afirma Luciana, que semana passada marcou encontro com outras leitoras do género no restaurante Joe & Leo's do New York City Center.
O sucesso é tanto, que a comunidade “Adoro Romances”, do site de relacionamentos Orkut, conta com 1.880 in­tegrantes. Uma das partici­pantes é a jornalista Michele Ribeiro, de 26 anos, que aderiu à comunidade quando ela tinha apenas 50 afiliados.
- Adoro trocar informações e buscar livros antigos na internet para comprar em sebos. Gosto mais dos Clássicos Históricos. Infelizmente sofremos muito preconceito de quem acha que esse tipo de leitura é restrito para mulheres de classe baixa - lamenta Michele, informando que no próximo sábado (dia 6), às 14h, haverá um grande encontro de fãs no Botafogo Praia Shopping, na Zona Sul.
- Cada uma deve levar um romance para fazermos uma troca - sugere Michele.
Segundo pesquisa realizada pela editora canadense Harlequin Books, que publica os romances, a faixa etária das consumidoras vai de 19 a 60 anos. As séries de maior tiragem são Paixões e Jessica.
— Em um ano de operação da editora no Brasil perce­bemos que essas mulheres acompanham e colecionam as publicações. Além da distri­buição em bancas e livrarias, vamos expandir as vendas pa­ra supermercados e drogarias — avisa a diretora da Harlequin, Vânia Tavares.